JBS inicia monitoramento de fornecedor indireto de gado com blockchain
A JBS iniciou neste mês a utilização da Plataforma Pecuária Transparente, uma ferramenta criada pela empresa e demais parceiros com tecnologia blockchain que permite monitorar dados de terceiros sobre o fornecimento de gado que chega à companhia.
O blockchain, ou “cadeia de blocos” é uma espécie de grande “livro contábil” digital que computa vários tipos de transações e tem registros espalhados por vários computadores, organizados em sequência. Por esse motivo, permite rastrear o envio e recebimento de dados online.
A empresa, segunda maior do mundo no setor de alimentos, já realiza o monitoramento de 100% dos fornecedores diretos de animais.
Agora, o objetivo é que estes pecuaristas façam voluntariamente o cadastro de dados de seus respectivos fornecedores, que os abastecem nos demais elos do ciclo pecuário.
“Essa plataforma convida o produtor a fornecer os dados dos fornecedores deles… para que eles tenham acesso aos mesmos requisitos socioambientais que já checamos dos produtores que negociam diretamente conosco”, disse à Reuters Renato Costa, presidente da Friboi, unidade de bovinos da JBS no Brasil.
Em setembro do ano passado, a JBS lançou programa para monitoramento total até 2025 de todos os fornecedores indiretos de gado à companhia, um dos desafios do setor no combate a pecuaristas que atuam na ilegalidade e que colaboram com o desflorestamento.
De acordo com a companhia, alguns dos fatores que serão monitorados são:
- existência de desmatamento ilegal;
- respeito ao Código Florestal Brasileiro;
- se há invasão de terras indígenas ou unidades de conversação ambiental;
- trabalho análogo à escravidão;
- se há uso de áreas embargadas pelo Ibama.
“O resultado dessas análises será enviado diretamente ao fornecedor da JBS, que, pela primeira vez, terá visibilidade da conformidade socioambiental de toda sua cadeia de fornecimento. Com isso, poderá desenvolver planos para mitigar riscos e implementar ações para ajudar os produtores a regularizar as situações quando necessário.”
O executivo não detalhou o valor investido no desenvolvimento da plataforma, em função do “período de silêncio” que antecede a divulgação do balanço financeiro, marcado para a primeira quinzena de maio.
Os dados serão enviados eletronicamente para validação da Agri Trace Rastreabilidade Animal, sistema da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Costa disse que a expectativa da empresa é ter informações cadastradas de 15% a 20% dos pecuaristas, sobre seus fornecedores, até o fim deste ano.
Ele acredita que o principal canal de fomento à iniciativa será na estrutura de compra de bovinos da companhia, onde diariamente há contato da equipe de origem com os fornecedores diretos.
Outra maneira é por meio dos “Escritórios Verdes”, formado por equipes que vão ajudar principalmente os fornecedores dos fornecedores a regularizar sua situação ambiental.
A companhia instalou 13 Escritórios Verdes em unidades de processamento espalhadas pelo país: em Marabá e Redenção (PA), Porto Velho e São Miguel do Guaporé (RO) e mais sete em Mato Grosso: Alta Floresta, Confresa, Juara, Diamantino, Barra do Garças, Água Boa e Pontes e Lacerda. A iniciativa também chegou a Goiânia (GO) e Campo Grande (MS).
A estratégia de monitoramento por meio da nova plataforma está em linha com o compromisso da JBS de zerar seu balanço de emissões até 2040, anunciado no mês passado.
“(O objetivo é) que a cadeia de fornecedores de bovinos da companhia, incluindo os fornecedores dos fornecedores, esteja livre de desmatamento ilegal no Bioma Amazônia. O mesmo deve ocorrer nos demais biomas no Brasil até 2030″, disse a empresa.
*Artigo publicado originalmente no portal G1
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