A sustentabilidade da nossa pecuária também passa pela melhora da imagem da carne brasileira
Por Sergio Schuler – Vice-presidente do negócio de Ruminantes da DSM e presidente da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável
Todos os brasileiros que têm contato com o campo sabem que a carne bovina, um dos nossos principais produtos de exportação, é uma proteína nutritiva e saborosa, e que é produzida por pecuaristas apaixonados pelo que fazem e que têm muito respeito pela terra.
São produtores que pensam em longo prazo em uma atividade que, inclusive, muitas vezes passa de pai para filho e atravessa várias gerações. Apesar de a produção do campo ter intensificado a atenção aos cuidados com os recursos naturais, sobretudo a partir do maior debate em torno da sustentabilidade, é possível ver que a produção rural brasileira já está bastante inserida nesse conceito, embora todos saibam que há espaço para evoluir ainda mais à medida que os pecuaristas aumentarem o uso de tecnologias, pois podem produzir mais e melhor usando a mesma área.
E é fato que a agropecuária brasileira tem muitos indicadores de sustentabilidade que a colocam à frente de grande parte dos países desenvolvidos. Mas por que muitas pessoas, sobretudo no mercado internacional, ainda não têm essa imagem positiva do nosso setor? Ao viajar pelo mundo, tenho contato com várias pessoas de culturas diferentes.
Na Europa, por exemplo, que é um uma região com importantes clientes da carne brasileira, é fácil encontrar pessoas que são impactadas por mensagens que não estão relacionadas ao nosso setor produtivo como o conhecemos e têm uma impressão equivocada, ligada apenas a temas negativos, como o desmatamento ilegal, maus tratos aos animais, e outros tantos casos que não estão na rotina dos produtores de alimentos do nosso país.
Essa é uma questão que precisa ser combatida. A carne brasileira não pode ter a sua imagem arranhada, quando os indicadores de sustentabilidade são positivos. Então, precisamos mostrar o lado bom da nossa. E isso passa por uma abordagem holística que envolve todos os aspectos da produção, desde a criação até a mesa do consumidor. Nesse contexto, listei apenas algumas ações que são necessárias e que terão impactos positivos para a nossa imagem no mercado internacional e entre os nossos consumidores domésticos (por que não?). Algumas dessas ações são:
– Investir em marketing para difundir as mensagens sobre as qualidades da produção brasileira. E isso passa pela promoção do produto nos mercados internacional e nacional, pois as pessoas precisam saber que os bovinos do Brasil convertem pasto em proteína animal, em fazendas que preservam os recursos naturais, liderados por empresários que têm os olhos voltados ao futuro e que têm total interesse de deixar um negócio saudável para as próximas gerações. Tudo isso ao mesmo tempo que apresenta a alta qualidade do nosso produto.
– Investir em tecnologia, pois a nossa pecuária ainda tem muito espaço para crescer em produtividade. Estima-se que o aumento do uso de tecnologias pode ajudar o Brasil pode dobrar a produtividade sem aumentar a área produtiva. Aqui, inclui-se atenção para as áreas que sustentam a atividade produtiva, como gestão, nutrição, sanidade e manejo, além da rastreabilidade, que é uma demanda que vem crescendo atualmente nos mercados doméstico e internacional.
– Estabelecer parcerias, em que a cadeia produtiva se favoreça com a conexão da imagem positiva de segmentos da sociedade, que agreguem a preocupação das pessoas com o meio ambiente, com os aspectos sociais e com a economia. E, nesse sentido, buscar fortalecer as instituições representativas do setor produtivo frente aos desafios do mercado.
– Atenção para a melhora constante das boas práticas de produção. Para melhorar a imagem da carne bovina brasileira, bem com atuar de forma a crescer a produtividade, é importante garantir bons índices de bem-estar animal, sob os aspectos de nutrição, saúde e manejo.
Em resumo, esses são apenas alguns pontos que podem ajudar a melhorar a imagem da nossa carne junto aos consumidores doméstico e estrangeiros. É importante lembrar, porém, que, para ter sucesso em comunicação e marketing na agropecuária, no intuito de tornar a imagem da proteína brasileira cada vez mais positiva para mercados internos e externos, as empresas precisam ter um conhecimento profundo do setor e de seus clientes.
Elas também precisam entender as necessidades dos produtores rurais, as demandas do mercado e as tendências tecnológicas. Somente assim poderão criar estratégias eficazes e alcançar seus objetivos de negócios.
É também necessário que essas empresas tenham em mente que ressaltar os aspectos positivos da pecuária perante o seu público é benéfico para toda a sociedade brasileira, pois é mais uma maneira de demonstrar que o segmento desempenha um papel importante na economia do país, contribuindo para a geração de empregos e renda em áreas rurais.
Além disso, a atividade pecuária pode ser realizada de forma sustentável, com práticas que visam a preservação ambiental, como a adoção de técnicas de manejo adequadas e a recuperação de áreas degradadas. Esses aspectos ressaltam o lado benéfico da pecuária brasileira, mostrando como ela pode conciliar desenvolvimento econômico, sustentabilidade e oferta de alimentos de qualidade.
Somado a tudo isso, é preciso definir de onde viriam os recursos necessários para promover a nossa carne. Essa é oportunidade para uma próxima conversa, mas que, em linhas gerais, pode estar pautada na própria evolução da nossa cadeia, que pode produzir mais e melhor e, consequentemente, gerar recursos para que impulsionem a atividade e fortaleçam o segmento em âmbitos setoriais.
Imagem: DBO
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