Mesa na mídia
27.09.23

Pecuária monta arsenal para debater sustentabilidade

Entidade acredita que uma base de dados sólida, e dinâmica, vai ajudar nas melhores práticas de produção.

Que desafios têm o Brasil para enfrentar a questão climática? De que maneira o setor do agronegócio pode colaborar com as políticas públicas, envidando esforços para esclarecer o produtor e integrando a base de dados do governo a fim de que o país tenha uma política adequada de uso do solo, bem-estar animal e benefícios ao produtor e ao consumidor? Para responder estas questões a Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável – entidade sem fins lucrativos, que trabalha pelo desenvolvimento do agro – prepara documento para entregar ao Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) antes da realização da COP28, que acontecerá em novembro próximo, em Dubai, para debater o clima.

No dia 28 deste mês a cidade de São José do Rio Preto, interior paulista, receberá a 3ª edição do Fórum Pecuária Sustentável. Evento acontecerá durante a EXPO Rio Preto, sendo promovido pela Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável, entidade que congrega mais de 60 organizações de todos os elos da cadeia. O fórum terá quatro painéis: Próximos desafios do clima e COP28; Caminhos para o uso eficiente da terra; O futuro da rastreabilidade; Relação entre bem-estar animal e sustentabilidade. Ao final será lançado o Sumário de Dados da Pecuária Sustentável.

“Trabalhamos em um documento a ser apresentado ao MAPA, contemplando o planejamento de políticas públicas para a rastreabilidade, por exemplo”, comentou a diretora executiva da Mesa Brasileira, Luíza Bruscato. Ideia é levá-lo ao MAPA, em mãos, para que possa ser aproveitado pela delegação brasileira em Dubai, nos Emirados Árabes, durante a realização da COP28, entre 30 de novembro e 12 de dezembro próximo, que discutirá a questão do clima e, naturalmente, o papel do Brasil nesse contexto.

Os desafios do clima e a questão da rastreabilidade são dois dos temas prioritários para a Mesa Brasileira, que contará com representantes de frigoríficos, certificadoras, produtores e consumidores. “A quem compete rastrear os rebanhos? Que métodos vamos utilizar? Como implementar? ”, pergunta a diretora executiva, lembrando que o mercado externo também acompanha essa discussão. E não é demais lembrar que o Brasil é dos maiores exportadores mundiais de carne.

No rastreamento do gado existe maior colaboração dos grandes frigoríficos, mas os pequenos ainda resistem – até porque trabalham “mais relaxados” ao destinar seus produtos para o mercado interno. “Não sei se exatamente em 18 meses, mas tenho convicção de que nossos rebanhos serão 100% rastreados”, comenta Luíza Bruscato, acreditando que ao menos o que for destinado ao mercado externo será atestado.

TERRA

O outro lado do agronegócio é a agricultura. A abordagem do uso da terra é fundamental. Uma das questões atuais é o incômodo que sente o produtor, sendo permanentemente vigiado por satélites (nacionais e internacionais), conta Luíza, acrescentando que a Mesa Brasileira procura dar assistência e fornece tecnologias para recuperação de áreas degradadas. “Muitas vezes você tem áreas arbustivas que, de longe, o satélite pode ler como degradadas”, alerta a engenheira ambiental. Como se vê, a tecnologia ainda não é coisa infalível e é preciso seguir avançando. “Os dados gerados são confiáveis, o que precisamos saber, na análise, é a metodologia”, completa a diretora.

E a questão do bem-estar animal? A quantas anda no Brasil? – perguntamos, durante esta entrevista exclusiva para o Empresas&Negócios.

– Essa é uma questão nova, do ponto de vista institucional. Quem nos cobra sempre é o comprador estrangeiro – diz ela, acrescentando que o bem-estar animal é um conjunto de práticas muito simples. “E nós temos oferecido palestras, cursos e treinamento, já que a intenção do nosso trabalho é disseminar informação e conhecimento”. Há dificuldades no aprendizado? Certamente, e uma delas é a percepção de “links” entre a sustentabilidade e o bem-estar animal que, além de ser prática desejável, produz maior rentabilidade ao produtor, já que tem custo baixo e agrega valor ao produto.

DADOS

No mundo atual a geração e uso de dados tornou-se um grande ferramental. E no agronegócio a coisa não é diferente. O sistema de cultivo e produção agrícola e pecuária não é tão medieval quanto muita gente pensa. “Ao contrário, pois o Brasil é dos mais avançados e estamos em um momento muito positivo”, destaca a dirigente da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável, argumentado que o país pode ser o “grande protagonista” setorial, porque vem melhorando a produtividade e recuperando áreas degradadas. “Precisamos reunir mais dados, porque só assim teremos chance de contar boas histórias”, sublinha.

Na véspera do Fórum Pecuária Sustentável (dia 27, portanto) haverá um evento, em Rio Preto, denominado ILPF – Integração Lavoura-Pecuária-Floresta que tem como premissa promover a recuperação de áreas degradadas. Isso é feito com a adoção de diferentes sistemas produtivos como plantação de soja, milho e plantação de pastos, exemplifica Bruscato, ao lembrar que o pisoteamento animal é uma técnica bastante conhecida, sendo amplamente utilizada na Austrália e na região brasileira dos pampas, além do que o próprio gado se responsabiliza por adubar naturalmente este solo.

“Eu procuro olhar o copo meio cheio, e avançar”, completa a engenheira.

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