Rastreabilidade é tema do terceiro diálogo técnico entre Brasil e União Europeia
O terceiro “Diálogo técnico sobre a sustentabilidade e a rastreabilidade das cadeias da carne bovina e do couro” teve como foco a “Rastreabilidade como resposta para melhorar a sustentabilidade nas cadeias”.
O encontro, no dia 18 de maio, faz parte de uma iniciativa mais ampla, financiada pela União Europeia, por meio do Programa AL INVEST Verde, em parceria com o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
O diálogo reuniu, em formato virtual, mais de 40 atores relevantes, representando o setor público brasileiro (no âmbito federal e estadual), a Comissão Europeia, organismos internacionais, atores do mercado das cadeias de valor da carne bovina e do couro (frigoríficos, varejistas, importadores), agentes de certificação, academia e sociedade civil da Europa e do Brasil.
Durante o evento, o IPAM apresentou doze experiências de rastreabilidade desenvolvidas no Brasil, juntamente com uma análise aprofundada de seus pontos fortes e críticos, realizada por meio de uma pesquisa desenvolvida como parte desta iniciativa.
Representantes do Ministério da Agricultura do Uruguai também explicaram as características e evolução de seu sistema de rastreabilidade de longa data, atualmente considerado uma referência essencial não só na região, mas para o mundo. Ainda, um representante da Direção-Geral de Saúde e Segurança Alimentar da Comissão Europeia (SANTE) apresentou uma visão geral do sistema de rastreabilidade da UE, com foco particular em bovinos, e explicou como ele funciona.
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Ao longo do diálogo, os participantes concordaram com a importância da rastreabilidade não só para fins sanitários e de saúde, mas também para a implementação da sustentabilidade socioambiental na cadeia de valor, especificamente no combate ao desmatamento ilegal. Um representante de uma organização da sociedade civil mencionou que a rastreabilidade é também uma ferramenta que aumenta o conhecimento do território.
Outros atores destacaram que a rastreabilidade permite gerar uma resposta rápida a eventos adversos, fortalecendo a gestão de riscos e a resiliência da cadeia. Finalmente, os participantes enfatizaram que sistemas de rastreabilidade confiáveis e eficientes também melhoram a qualidade do produto, promovendo oportunidades comerciais, e possibilitam a transparência.
A necessidade de uma melhor coordenação entre o governo federal e os estados surgiu como um dos desafios para o desenvolvimento de um sistema de rastreabilidade eficiente e que possa ganhar escala. Nesse sentido, seria fundamental adotar uma política e um marco regulatório nacional.
Os dados existentes também poderiam ser mais bem explorados, segundo os participantes, especialmente para rastrear provedores indiretos; no entanto, o gerenciamento de dados apresenta problemas de privacidade ainda a serem resolvidos.
Por fim, uma pesquisa realizada durante o evento mostrou que a falta de infraestrutura de rede, a ausência de incentivos financeiros e a necessidade de assistência técnica são os principais obstáculos para que médios e pequenos agricultores participem dos sistemas de rastreabilidade.
Próximos passos
O objetivo geral da iniciativa é contribuir para a identificação e para a promoção de práticas coletivas e de parcerias entre os principais stakeholders, e assim fomentar a sustentabilidade das cadeias de valor da carne bovina e do couro.
Este terceiro diálogo segue as discussões anteriores realizadas durante a mesa redonda de abertura em dezembro de 2021, o primeiro diálogo técnico em 9 de março de 2022 sobre o papel da análise prévia de conformidade e risco (due diligence), e o segundo diálogo técnico em 20 de abril de 2022, sobre o acesso à tecnologia para sustentabilidade nas cadeias.
Os resultados desses três diálogos serão apresentados em um evento final, aberto ao público, que será semi-presencial, em Brasília, em julho
Comunicação
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